Há já muitos anos Albergaria-a-Velha foi editada em postal, coisa que para a época era brinde para quem à distância gostava de saber novidades ou minimizar a saudade da sua terra, para muitos que deixaram o seu torrão natal e debandaram terras de África, Brasil ou América, ou até mesmo aqueles jovens que obrigatoriamente cumpriram o seu dever militar em terras da Índia.
Para aquela época recuada, um postal de Albergaria-a-Velha
era ouro para quem o recebia e uma prenda para quem o enviava com carinho e
amor. Alguns exemplares de então constituem motivos de estima por quem os
possui, quer pelas imagens, quando comparadas com as de hoje, quer pelo texto
que escondia por vezes o amor e a paixão deixadas por cá, ou a promessa de uma
visita no mais breve tempo possível. Até mesmo o casamento, estava implícito no
envio de um simples postal.
Era o tempo em que se escrevia à família e aos amigos em
contraste com o que hoje se passa. O postal era a comunicação, e mais do que
isto, representava a sociedade e a urbanização daquele tempo.
Durante muitos anos, e logo que a edição se esgotou, nunca
mais vimos nada que levasse o nosso visitante a enviar aos familiares um abraço
ou um simples beijo. Assim sendo, foi com enorme satisfação que quando entrámos
na Papelaria do Mercado deparámos com três exemplares, que contemplam o
edifício da nossa Câmara Municipal, um outro com o Monumento ao Bombeiro e
Fonte Luminosa e ainda um terceiro com a Alameda 5 de Outubro, Fonte Luminosa,
Monumento ao Bombeiro e a Capela de Nª Sª do Socorro.
Maria Elisabete Lima, proprietária do estabelecimento,
considera, porém, que sabe a pouco e que Albergaria-a-Velha tem muito mais para
mostrar e para oferecer. É verdade, e num adeus de simpatia foi-nos dizendo:
“não vai ficar por aqui... Estes postais são para mostrar um bocadinho da nossa
terra, vou pensar em outra edição, vou pensar muito brevemente”. Ficámos a
magicar o que levou a Elisabete a promover desta forma a nossa
Albergaria-a-Velha. Talvez o mesmo que nós: o amor, sim, o amor às nossas
coisas e à nossa terra.
Fonte: António Vinhas, Região de Águeda, Agosto de 2005
(em Novos Arruamentos)
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